
Muitos interesses econômicos e políticos se concentrarão em torno da água
Muitos interesses econômicos e políticos se concentrarão em torno da água, acima de tudo no século 21, mas, igualmente, se tornarão causas de tensão como: risco de guerra, entre o Tadjiquistão e o Quirguistão, como a velha questão do Lago Chade, na África Ocidental, ou, ainda, no caso da disputa entre a China e a Índia, para o controle das nascentes do rio Brahmaputra. Essas diatribes nos permitem entender o problema do abastecimento de água em sua totalidade.
A tensão mais séria, que pode estar ligada ao acúmulo de recursos hídricos, ocorre, justamente, no que diz respeito às águas do Nilo. Há alguns anos, a Etiópia iniciou a construção de uma grande barragem ao longo do Nilo Azul. O objetivo é o de criar um importante reservatório capaz de alimentar a economia do país africano. Porém, se para os etíopes o projeto, quase inteiramente concluído, tomou o nome de “renascimento”, para os egípcios, ao contrário, constitui uma tragédia. Na verdade, segundo o goberno do Cairo, o fluxo de água para o Egito, devido à barragem etíope, pode cair para menos de 50 bilhões de metros cúbicos, por ano. Atualmente, com base em acordos com o Sudão, em 1959, o fluxo é estimado em 55,5 bilhões de metros cúbicos. O Egito hoje, como nos tempos antigos, vive ao redor do Nilo. Estima-se que 95% da população viva às margens do rio. Se o fluxo diminuísse, seria uma verdadeira tragédia para o país do Norte da África.
Como sabemos, as reservas de petróleo mais cedo ou mais tarde acabarão; pelo contrário, pensando na água, muitas vezes temos a ideia de um recurso que não é, apenas, primário, mas que está perpetuamente disponível. É verdade que a água ocupa 71% da superfície terrestre e a sua disponibilidade nos não parece destinada a desaparecer: infelizmente, na realidade, devemos refletir, pois não é bem assim. Como no caso de outros recursos, temos que considerar o fato de que existem limites quantitativos, para a água. Atualmente, de fato, a água não está disponível para todos. De acordo com os últimos dados das Nações Unidas, 1,5 bilhão de pessoas não têm acesso ao abastecimento de água. Uma quantidade enorme, destinada a aumentar no futuro, número que, infelizmente, está longe de ser reduzido.
O ouro azul, a água, é essencial em muitas frentes. Na verdade, está presente em várias áreas da vida econômica de um determinado território. Sem reservas de água não é possível iniciar investimentos na agricultura ou fortalecer outros setores estratégicos. Se considerarmos sua distribuição, infelizmente devemos notar que é desigual e injusta.
Vamos dar um passo para trás. Todas as grandes civilizações nasceram devido à presença de importantes bacias hidrográficas. Os antigos egípcios reverenciavam o Nilo e o consideravam, não por acaso, o rio sagrado. Graças às inundações, os faraós conseguiram alimentar as economias de seus territórios e desenvolver seus impérios. O próprio Império Romano conseguiu expandir-se, na antiguidade, graças a duas grandes obras que marcaram a sua presença nos territórios conquistados, nomeadamente as estradas e os aquedutos. A Europa, de fato, carece de bacias comparáveis, em tamanho, às do Nilo, do Amazonas, do Congo ou do Amur e de lagos comparáveis ao Victoria, ao Michigan, ao Baikal; porém, possui algumas bacias hidrográficas rodeadas pela maior concentração de interesses demográficos e econômicos no mundo. Ao longo dos séculos, uma densa heterogeneidade territorial se desenvolveu em torno dos cursos d’água, carregados de história, o que faz com que a água ainda seja um elemento fundamental para o mundo industrial, energético e, claro, agrícola. O que os romanos fizeram na Europa e nos países dos continentes vizinhos, o encontramos entre os antigos habitantes do México, Maia e Astecas, e entre os Incas, no Peru.
A palavra de ordem é: sustentabilidade
O problema hoje é o de reduzir, drasticamente, o desperdício, com foco na segurança das infraestruturas de canalização. Na prática, será de extrema importância eliminar a vulnerabilidade das redes de distribuição. Na verdade, a adulteração ou o uso impróprio do sistema hídrico podem afetar o abastecimento regular de água a milhões de cidadãos. Nesse cenário, a gestão dos mananciais e a vulnerabilidade das tecnologias, no campo, são motivo de grande preocupação. Estima-se que 47,6% da água retirada para beber, no planeta, seja dispersa, principalmente, durante sua passagem por antigos canais, que causam 42% das perdas totais.
Portanto, se a tendência continuar, se a quantidade de água potável, disponível por pessoa, no mundo, diminuir ano após ano, a um ritmo impressionante, o perigo de uma explosão de conflitos e tensões entre países, pelo armazenamento de recursos hídricos, torna-se cada vez mais ameaçador, como no caso do petróleo e do gás.
Como solução, então, nas perspectivas futuras, a palavra de ordem é e será a sustentabilidade, ou seja, a criação de um sistema constituído por três elementos fundamentais, que devem coexistir harmoniosamente: sustentabilidade social, econômica e ambiental.