Todos os dias nos deparamos com o estado miserável da educação no país, em todos os graus de relacionamento social, em todas as classes, todos os ambientes, praticamente uma como que onipresença da burrice e da ignorância desejada.
Nosso ex-presidente Lula, além de roubar, também se gabava de ser um, digamos, iletrado. Desejava e conseguiu, com maestria, ser um ignorante, um analfabeto funcional. Pelo menos, ele assumia isso.
Mas os novos ditos intelectuais, que mal leram meia dúzia do “Clássicos”, se arvoram a ensinar sobre tudo, e mais ainda sobre política e economia. É impressionante como entendem disso, notadamente a classe falante, como se diz.
O grande escritor Arthur Schopenhauer nos delicia num trecho de – penso eu – sua melhor obra, Parerga und Paralipomena, sobre a erudição e os eruditos: “Quando observamos a quantidade e a variedade dos estabelecimentos de ensino e de aprendizado, assim como o grande número de alunos e professores, é possível acreditar que a espécie humana dá muita importância à instrução e à verdade. Entretanto, nesse caso, as aparências também enganam. Os professores ensinam para ganhar dinheiro e não se esforçam pela sabedoria, mas pelo crédito que ganham dando a impressão de possuí-la. E os alunos não aprendem para ganhar conhecimento e se instruir, mas para poder tagarelar e para ganhar ares de importantes.”
Me resta, assim, questionar: Educação para quê? Aprender para “passar na prova”, para se “titular”…
Aliás, para se titular, deve-se escrever monografias e artigos e projetos de pesquisa e citar e citar as fontes, os autores, quem disse, quem fez, quem escreveu, quem pensou e… talvez, sobrar alguma originalidade.
Mais adiante na obra mencionada, nos alerta o sábio Schopenhauer: “Da mesma maneira, uma grande quantidade de conhecimentos, quando não foi elaborada por um pensamento próprio, tem muito menos valor do que uma quantidade bem mais limitada, que, no entanto, foi devidamente assimilada. Pois é apenas por meio da combinação ampla do que se sabe, por meio da comparação de cada verdade com todas as outras, que uma pessoa se apropria de seu próprio saber e o domina. Só é possível pensar com profundidade sobre o que se sabe, por isso se deve aprender algo; mas também só se sabe aquilo sobre o que se pensou com profundidade.”
Desgraçadamente, todavia, ele mesmo arremata a seguir: “Este último se refere apenas às coisas que nos concernem pessoalmente, enquanto o interesse objetivo só existe nas cabeças que pensam por natureza, nas mentes para as quais o pensamento é algo tão natural quanto a respiração. Mas mentes assim são muito raras, por isso não se encontram muitas delas em meio aos eruditos.”
No mundo dominado pelo “controlcê, controlvê”, nada mais podemos saber de verdade!
Por fim, não me atrevo a sugerir nenhuma solução, pois não a tenho. Apenas procuro trilhar um caminho próprio. E pensar verdadeiramente, ainda que me inspire nos grandes, mas a quilômetros de poder imitá-los.
Márcio Pratta