
Os afegãos devem ser auxiliados, mas em casa…
Para o Afeganistão, após a reunião dos ministros do Interior, dos vinte e sete países, a UE abraça a linha “vamos ajudá-los na casa deles”: rejeitados os refugiados, “pagaremos alguém para cuidar deles”. Em particular, são a Áustria e a República Tcheca que argumentam que os afegãos devem ser auxiliados, mas em casa, ou seja, literalmente “eles devem ficar lá”. Aos dois países, cujas posições em questão, são bem conhecidas, desta vez, juntou-se a Dinamarca, por decisão do Ministro da Imigração Mattias Tesfaye, que, acima de tudo, exortou “que não fossem cometidos os mesmos erros de 2015 (com os refugiados sírios e curdos)”. Ele declarou:” Precisamos garantir que as pessoas tenham o necessário para sobreviver, nos países vizinhos. As fronteiras são tão importantes e não se deve criticar os países que as defendem”. Ao falar sobre os “erros cometidos em 2015” Angela Merkel, a primeira culpada por esses erros, deveria sentir coceira nos ouvidos. No entanto, isso não impediu a chanceler alemã de argumentar que, desta vez, precisamos “dialogar com os novos anfitriões”, ou seja, o Talibã, uma astúcia que ela não teve, em 2015, com o antigo e ainda hoje senhor sírio, Assad. Para tentar amortecer os efeitos “dos erros cometidos em 2015”, na época, foi assinado um acordo, ainda válido, com a Turquia, que recebeu rios de dinheiro para conter o fluxo de migrantes da Síria. O mesmo modelo, denominado “Sírio-turco” é muito apreciado pela França e é o caminho indicado pelo seu ministro, Gerald Darmanin, segundo o qual, portanto, vale a pena pagar alguém da região para manter os imigrantes. Será difícil para a Turquia repetir a experiência, anunciou, claramente, o ministro das Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu. Ele declarou que “é muito importante que os cidadãos afegãos permaneçam em seu país”. E se a mensagem não for clara o suficiente, serve como um alerta o muro recém-concluído na fronteira com o Irã, construído para impedir a entrada dos imigrantes afegãos.
Se esta é a posição da UE, a política externa do novo governo talibã em relação à Itália parece ser diferente. De fato, o porta-voz dos extremistas islâmicos, Zabiullah Mujahid, em entrevista ao jornal italiano, La Repubblica, defende uma política de reaproximação com os países ocidentais. Ele afirmou: “Espero que a Itália reconheça nosso governo islâmico e reabra sua embaixada em breve.” No novo Afeganistão, Mujahid confirma que “não haverá mulheres ministras, mas as mulheres poderão trabalhar em ministérios ou como policiais ou enfermeiras. Também poderão estudar em universidade”. Na prática, o Talibã espera que a Itália reconheça o governo talibã e reabra sua embaixada em Cabul, o mais rápido possível.
Enquanto isso, o eixo com China e Rússia se fortalece.
Para conter a crise econômica, no entanto, o Talibã está se concentrando na China: “Pequim nos ajudará a reconstruir o país, será nosso principal parceiro”. “Todo o dinheiro foi gasto na guerra, agora é hora de reconstruir. Para isso precisamos melhorar nossas relações internacionais e ser credenciados diante de governos ao redor do mundo. Temos consciência de que temos um grande trabalho pela frente, mas estamos lançando as bases para uma profunda transformação do país”, diz Mujahid.
“A China é o nosso principal parceiro e representa uma oportunidade fundamental e extraordinária, para nós, porque está disposta a investir e reconstruir o nosso país”, continua o porta-voz do Talibã. Quanto às relações com a Rússia, Mujahid garante: “continuamos a manter excelentes relações com um parceiro importante e de peso fundamental para a região, como a Rússia. As relações com Moscou são, sobretudo, políticas e econômicas. A Rússia continua a mediar por nós e conosco, objetivando criar as condições para uma paz internacional”.